Estados estão preparados para guerra EUA-Irã


Estados estão preparados para guerra EUA-Irã



Países do Golfo investem em armamentos e defesas para o possível conflito entre o Irã e os países do Ocidente


Estados aliados aos Estados Unidos se preparam para possível e indesejado conflito  / Shannon E. Renfroe / US Navy / AFP Estados aliados aos Estados Unidos se preparam para possível e indesejado conflito Shannon E. Renfroe / US Navy / AFP

Os Estados árabes que estão próximos do Golfo do Irã estão observando, tensos, as perspectivas de uma guerra entre o país e o Ocidente. Muitas já começaram a aumentar suas defesas.

"Nenhum Estado do Golfo quer a guerra, mas todos estão se preparando para essa possibilidade", afirmou o analista militar Riad Kahwaji.

A tensão aumentou graças às pressões do Ocidente, entre elas a ameaça de uma proibição total das importações de petróleo iraniano. O Irã ameaçou fechar o estratégico Estreito do Ormuz - que liga o Golfo ao Mar Arábico e por onde passa 20% do petróleo mundial transportado pelo mar - se as vendas de petróleo forem bloqueadas.

"O relógio está correndo e nós no Golfo não temos controle sobre isso", acrescentou o analista político kuwaitiano Sami al-Faraj em relação a um possível ataque israelense e americano contra o Irã.

Além das ameaças externas, os Estados do Golfo têm que lidar com a ameaça das células adormecidas que, suspeita-se, o Irã está espalhando pela região. "Ouvimos falar em medidas preventivas em muitos países para lidar com essas células do Irã", disse Kahwaji.

No mês passado, a Arábia Saudita assinou um acordo avaliado em US$ 29,4 bilhões para comprar 84 caças americanos F-15 e aprimorar outros 70 caças.

Pouco depois, um acordo de armamento de US$ 3,48 bilhões dos Emirados Árabes veio à tona, incluindo o avançado antimíssil Thaad (Terminal High Altitude Area Defense System).

Em 2011, os Estados Unidos e a Arábia Saudita anunciaram um acordo de US$ 1,7 bilhão para reforçar as baterias de mísseis Patriot, enquanto o Kuwait comprou 209 míseis por US$ 900 milhões.



Fechamento do Estreito de Ormuz pode levar EUA à reação militar
29 de dezembro de 2011 11h03 atualizado às 11h39





Submarinos iranianos fiscalizam o Mar de Omã. Foto: AP Submarinos iranianos fiscalizam o Mar de Omã





O Irã até teria condições de cumprir com suas ameaças de fechar indefinidamente ou interromper o transporte de petróleo através do estratégico Estreito de Ormuz, mas com isso desencadearia uma devastadora reação militar dos Estados Unidos e deixaria Teerã completamente isolado no cenário mundial, segundo especialistas.
Apesar de o Irã ter advertido que estuda este fechamento como represália as eventuais sanções a suas exportações de petróleo, vários analistas concordam que as autoridades iranianas estão mais inclinadas para ações de menor escala, antes de minar o canal.
Com 2.000 minas em seu arsenal (estimativa ocidental), o Irã poderia espalhar centenas delas no estreito, o que provocaria o seu fechamento e interromperia o tráfego marítimo tempo suficiente para causar estragos no mercado mundial de petróleo.
No entanto, colocar minas no estreito seria um claro ato de guerra, e o Irã enfrentaria uma resposta militar maciça por parte dos Estados Unidos, além de criar desafetos em todo o mundo, opinou Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. Em tal cenário, "todos no Golfo iriam apoiar uma intervenção estrangeira", disse Cordesman à AFP.
O Irã colocaria em risco grande parte de seu poderio militar e de sua economia ao mergulhar em um confronto direto, afirmou. "Este é um país que não possui uma força aérea moderna e nem uma marinha moderna".
Algumas avaliações prevêem que o estreito seria fechado apenas por alguns dias, mas outros especialistas são mais pessimistas. Um estudo de 2008 concluiu que "a experiência passada em campanhas de guerra com minas sugere que levaria várias semanas, até meses, até que o fluxo total de comércio fosse restaurado, e ainda mais tempo para convencer os mercados do petróleo que a estabilidade voltou", escreveu o estudioso Caitlin Talmadge em uma revista da Universidade de Harvard.
O Irã confia no estreito como suporte econômico para suas exportações de petróleo, por isso, analistas e autoridades apostam que Teerã poderia optar por ações menores para apenas causar um aumento nos preços do petróleo. "Há uma ampla gama de opções assimétrica", sem que seja preciso fechar o estreito, disse Cordesman.
Uma possibilidade é assediar, parar embarcações comerciais e realizar inspeções, explicou Alireza Nader, especialista iraniano no Grupo de Estudos Estratégicos Rand Corporation< p> Em 2007, o Irã interceptou uma frota britânica, alegando que os barcos tinham entrado em águas iranianas. A última vez que a república islâmica confrontou navios de guerra americanos no Golfo, durante a guerra Irã-Iraque na década de 1980, foi derrotado facilmente.
Desde então, o Irã tem procurado reforçar o seu poder naval e as defesas costeiras, adquirindo minas mais poderosas, mísseis anti-navios, submarinos e uma frota de barcos menores.
Um oficial militar dos Estados Unidos rejeitou na quarta-feira as ameaças do Irã sobre o estreito, dizendo que essas declarações são "em grande parte retórica" e que é improvável que o país esteja pronto a dar um passo tão ousado. "Nossa prioridade é a liberdade de navegação. Nós faremos o que for necessário para garantir a área continue livre", disse um funcionário, que falou sob condição de anonimato.
O Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz, como parte de um jogo provocativo. Com isso, espera ter apoio internacional para deter as duras sanções por seu programa nuclear, afirmou Nader.
Há um perigo crescente de que uma provocação pequena do Irã, como a apreensão de um navio pertencente a um estado do Golfo Pérsico, possa causar uma reação em cadeia, mesmo que Washington e Teerã não queiram, acrescentou.
"A questão é que as tensões estão tão altas, mesmo se tratando de um blefe, há muito espaço para um erro de cálculo de ambas as partes. O Irã está usando isso como um elemento de dissuasão, mas se for longe demais, poderá ter uma guerra em suas mãos", concluiu.


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