Meditar





A meditação
como forma
de encontrar Deus.


OSHO - Líder Espiritual
OSHO


"A verdade deve ser experimentada para ser conhecida.
Meditação é sentar-se sem fazer nada — não usar seu corpo nem
sua mente. E parar de pensar e deixar que a mente, sempre tagarela, silencie por conta própria. Sem esforço, de forma relaxada, fácil, como se fosse um jogo. Jogo onde você não pode de forma alguma se identificar com ele".


Se você acredita em algum dogma, você continua não alcançando a verdade. Nenhuma crença pode ajudá-lo nesse caminho; todas as crenças são barreiras. O caminho para a verdade é difícil; é uma tarefa penosa. É preciso passar pela morte total — é preciso destruir completamente o próprio eu; só assim se dá o novo nascimento.

A verdade não é uma pergunta. É uma jornada! Não é intelectual. Ela é existencial.

A crença não precisa de coragem. A crença é o caminho do covarde.
Se você quer enfrentar o real, então não há necessidade de ir a qualquer igreja, não é preciso procurar nenhum livro, porque o real o rodeia por dentro e por fora. Você pode enfrentá-lo — ele já está aqui.


"Qualquer meditação que leve você a aprofundar a concentração está errada, ela não resultará em compaixão. Você se tornará mais fechado, ao invés de se tornar aberto. Se você reduzir sua consciência e concentrar-se em alguma coisa, e se você excluir a Existência como um todo e tornar-se direcionado a um ponto, isso criará mais tensão em você. Daí a palavra atenção que quer dizer ‘a-tensão’.


Um Buda não é um homem de concentração; ele é um homem de consciência.
Observe, a Existência é simultânea.
Primeiro, meditação não é concentração, e sim relaxamento.
A pessoa simplesmente relaxa em si mesma. Quanto mais você relaxar, mais você se sentirá aberto, vulnerável e menos rígido. Você estará mais flexível e, de repente, a Existência começará a penetrar em você.


Relaxamento significa permitir-se entrar num estado em que você não está fazendo coisa alguma, porque se você fizer alguma coisa a tensão estará presente.


O relaxamento é um estado de não-fazer. Você simplesmente relaxa e curte a sensação do relaxamento.

Relaxe. Simplesmente feche os seus olhos e escute tudo o que está acontecendo ao seu redor. Ao perceber algo, não considere aquilo como sendo uma distração. No momento em que você perceber aquilo como sendo uma distração, você estará negando Deus.


Não negue; não rejeite. Aceite, porque se você negar, você se tornará tenso.
Toda negação cria tensão. Aceite. Se você quer relaxar, a aceitação é o caminho.
Aceite tudo o que estiver acontecendo ao seu redor; permita que isto se torne um todo orgânico. E é. Você pode saber disto ou não. Tudo está inter-relacionado. Se você relaxa, você aceita; a aceitação da Existência é a única maneira de relaxar.


Se uma pequena coisa perturba você, é a sua atitude que o está perturbando. Sente-se silenciosamente, escute tudo o que está acontecendo ao seu redor e relaxe. Aceite, relaxe e, de repente, você perceberá uma imensa energia subindo dentro de você. Esta energia será percebida inicialmente como um aprofundamento de sua respiração. Simplesmente aceite a vida, relaxe e de repente você verá que a sua respiração está indo mais fundo do que o usual. Relaxe mais e a respiração irá mais fundo em você. Ela se torna lenta, ritmada e você pode quase saboreá-la; ela traz um certo prazer. Você tomará consciência, então, de que a respiração é a ponte entre você e o Todo. Simplesmente observe. Não faça coisa alguma.

E quando eu digo observe, não tente observar; senão você vai ficar tenso de novo e vai começar concentrando na respiração. Simplesmente relaxe; permaneça relaxado e solto. E olhe, pois o que mais você pode fazer? Você está ali, nada há para ser feito, tudo foi aceito, nada há para ser negado ou rejeitado, nenhuma luta, nenhuma briga, nenhum conflito e a respiração continua aprofundando...O que você pode fazer? Você simplesmente observa. Lembre-se: simplesmente observa."

A ascensão não está em aprender, estudar. Está em amar sem julgar o outro. Sem prejudicar o outro, física ou verbalmente.


A dúvida e insegurança caracteriza a dualidade.
Mantenha continuamente em sua lembrança por todo o tempo esse viver no presente, e fique alerta para que aquele pensamento mecânico a respeito do passado e do futuro nem volte de novo. Para isso, é suficiente permanecer atento. Se você permanecer atento, ele não vai se desencadear. A consciência destrói o hábito.



Para a meditação, para a percepção da verdade, o solo de suas mentes tem que estar preparado da mesma maneira que uma pessoa precisa preparar o solo para cultivar flores. Assim eu gostaria que vocês compreendessem alguns sutras, alguns pontos chaves...

O primeiro sutra é: viva no presente.
Nem o passado nem o futuro existem. Um é apenas a memória, o outro é apenas imaginação. Somente o presente é o momento vivo e verdadeiro. E se é para se conhecer a verdade, ela só pode ser conhecida se estivermos no presente. Mantenham-se conscientemente livres do passado e do futuro. Aceite que eles não existem. Somente o momento em suas mãos, o momento em que você está, existe. Você tem que viver nele, e vivê-lo totalmente.

O segundo sutra é: viva naturalmente.
Todo o comportamento do homem é artificial e formal. Nós sempre nos mantemos encobertos por um falso manto e por causa dessa coberta nós gradualmente esquecemos nossa própria realidade. Você tem que deixar cair essa pele falsa e jogá-la fora. Nós nos reunimos aqui, não para encenar um drama, mas para nos conhecermos, para compreendermos a nós mesmos. Da mesma forma que os atores de uma peça removem seus trajes e maquiagem e colocam-nos de lado após a apresentação, você tem que remover suas falsas máscaras e jogá-las fora. Deixe que aquilo que é original e natural em você venha à tona e viva nisso. A meditação somente cresce numa vida simples e natural.
Jogue fora todas essas máscaras. Você é simplesmente você, um ser humano comum, sem nome, sem status, sem classe, sem família, sem casta - simplesmente uma pessoa sem nome, um indivíduo muito comum. Você tem que viver desse jeito. E lembre-se que essa é também a nossa verdadeira realidade.

O terceiro sutra é: viva só.
A vida de meditação nasce em completa solidão, quando a pessoa está totalmente só. Mas geralmente o homem nunca está só. Ele está sempre cercado pelos outros. E quando ele não está no meio da multidão externa, ele está em uma multidão interna. Essa multidão tem que ser dispersada.

Não permita que a multidão se reúna dentro de você. E quanto ao lado de fora, viva por si próprio como se você estivesse sozinho neste Campo. No meio desses incontáveis relacionamentos vocês se esqueceram de vocês mesmos. Todos esses relacionamentos - nos quais vocês são amigos ou inimigos de alguém, pai ou filho, esposa ou marido - absorveram vocês de tal maneira que vocês são incapazes de conhecer a si mesmos em suas próprias individualidades.


Durante essa meditação você deverá manter sua coluna espinhal ereta, fechar os seus olhos e manter o seu pescoço reto. Seus lábios devem estar fechados e sua língua deve tocar o céu da boca. Respire devagar, mas profundamente. Mantenha a sua atenção próxima do umbigo. Mantenha-se alerta quanto ao tremor que você sentir no umbigo devido à respiração. Isso é tudo o que vocês têm que fazer. Esse experimento acalma a mente e esvazia os pensamentos completamente. A partir desse vazio a pessoa finalmente entra dentro de si mesma.


Estenda seu corpo no chão confortavelmente e deixe todos os seus membros se relaxarem completamente. Feche seus olhos e por cerca de dois minutos sugira a você mesmo que o corpo está relaxando. Gradualmente o corpo se tornará relaxado. Então, por dois minutos sugira que sua respiração está se tornando quieta e sua respiração se tornará quieta. Finalmente por outros dois minutos, sugira que seus pensamentos estão parando. Essa sugestão firme o levará a um completo relaxamento, tranquilidade e vazio. Quando a mente se tornar completamente calma, esteja completamente acordado em seu ser interior e seja uma testemunha dessa paz. Esse testemunhar levará você ao seu ser.

Quando a esperança é acompanhada por determinação e empenho, ela certamente se realiza. É possível que a existência nos guie ao longo do caminho. Essa é a minha única prece.

OSHO



DA OBSERVAÇÃO À NÃO-MENTE - OSHO



Osho, como o observar conduz à não-mente? Eu estou conseguindo cada vez mais observar o meu corpo, os meus pensamentos e sentimentos e isso é lindo. Mas os momentos sem pensamento são poucos e distantes entre si. Quando eu ouço você falando "meditação é testemunhar", eu sinto que eu entendo. Mas quando você fala sobre não-mente, isso não parece ser fácil, de jeito algum. Você poderia comentar?

"Prem Anubuddha, meditação abrange uma peregrinação muito longa. Quando eu digo 'meditação é testemunhar', isto é o começo da meditação. E quando eu digo 'meditação é não-mente', isto é o encerramento da peregrinação. Testemunhar é o começo e não-mente é a realização. Testemunhar é o método para alcançar a não-mente. Naturalmente você sente o testemunhar mais fácil, pois ele está próximo de você.

Mas testemunhar é como uma semente, existe um longo período de espera. Não apenas espera, mas confiança de que a semente vai brotar, que ela vai se tornar um arbusto, que um dia a primavera virá e o arbusto irá florescer. Não-mente é o último estágio do florescimento.

Semear as sementes, naturalmente é muito fácil, está em suas mãos. Mas fazer com que as flores apareçam está além de você. Você pode preparar todo o solo, mas as flores surgirão por elas mesmas; você não consegue forçá-las a aparecer. A primavera está além do seu alcance, mas ela vem, isso é absolutamente garantido; e se a preparação for perfeita...

É perfeitamente bom o jeito como você está indo. Testemunhar é o caminho e você está começando a sentir, uma vez ou outra, momentos sem pensamentos. Esses são vislumbres de não-mente. ...mas, só por uns momentos.

Lembre-se de uma lei fundamental: aquilo que pode existir por um momento também pode se tornar eterno. Você não dispõe de dois momentos juntos, mas sempre de um momento. E se você puder transformar um momento em um estado de não pensamento, você está aprendendo o segredo. Então não haverá obstáculos, nenhuma razão para que você não possa mudar o segundo momento que também virá sozinho, com o mesmo potencial e a mesma capacidade.

Se você conhecer o segredo, você terá a chave mestra que poderá abrir qualquer momento para vislumbres de não-mente. Não-mente é o estágio final, quando a mente desaparece para sempre e o espaço sem pensamento se torna a sua realidade intrínseca. Se esses poucos vislumbres estão chegando, eles mostram que você está no caminho certo e que você está usando o método certo.

Mas não seja impaciente. A existência precisa de imensa paciência. Os mistérios maiores são abertos apenas para aqueles que têm imensa paciência. (......)
Uma vez que um homem esteja em um estado de não-mente, nada pode desviá-lo de seu ser. Não há poder algum maior que o da não-mente. Nenhum mal pode ser feito a tal pessoa.

Nenhum apego, nenhuma cobiça, nenhuma inveja, nenhuma raiva, nada pode surgir nele. A não-mente é absolutamente um céu puro, sem qualquer nuvem.
Anubuddha, você diz, 'como o observar conduz à não-mente?'
Existe uma lei intrínseca: pensamentos não têm vida própria. Eles são parasitas; eles vivem na sua identificação com eles. Quando você diz, 'eu estou com raiva', você está despejando energia vital na raiva, porque você está ficando identificado com ela.

Mas quando você diz, 'eu estou observando a imagem da raiva na tela da mente dentro de mim', você não está mais dando qualquer vida, qualquer alimento, qualquer energia à raiva. Você será capaz de vê-la porque você não está identificado, a raiva é absolutamente impotente, não tem qualquer impacto sobre você, não muda você, não afeta você. Ela é absolutamente oca e morta. Ela passará e deixará o céu limpo e a tela da mente vazia.

Aos poucos você começa a livrar-se de seus pensamentos. Esse é todo o processo de testemunhar e observar. Em outras palavras, George Gurdjieff costumava chamar isso de não-identificação, você não está mais identificando-se com seus pensamentos. Você está simplesmente parado, desinteressado e distante, indiferente como se eles pudessem ser pensamentos de outra pessoa. Você quebrou a sua conexão com eles. Somente então você pode observá-los.
A observação necessita de uma certa distância. Se você está identificado, não existe distância, eles estão muito próximos.


Se os pensamentos estiverem muito próximos, você não consegue observá-los. Você se torna impressionado e influenciado pelos seus pensamentos: a raiva torna você raivoso, a ambição torna você ambicioso, a luxúria torna você luxurioso, porque não existe distância alguma. Eles estão tão próximos que você facilmente pensa que você e seus pensamentos são um.

A observação destrói essa ligação e cria uma separação. Quanto mais você observar, maior será a distância. Quanto maior a distância, menos energia seus pensamentos estarão levando de você. E eles não têm outra fonte de energia. Logo eles começarão a morrer, a desaparecer. Nesses momentos de desaparecimento, você terá os primeiros vislumbres de não-mente.

Isso é o que você está experienciando. Você diz: 'Eu estou conseguindo cada vez mais observar o meu corpo, os meus pensamentos e sentimentos e isso é lindo.' Isso é apenas o começo. E mesmo o começo é tremendamente lindo. Só por estar no caminho certo, mesmo sem dar um simples passo, isso já lhe traz uma imensa alegria, sem que haja qualquer motivo.

E uma vez que você começa a se mover no caminho certo, o seu êxtase, as suas belas experiências vão se tornar mais e mais profundas, mais e mais amplas, com novas nuances, novas flores, novas fragrâncias.
Você diz, 'Mas os momentos sem pensamento são poucos e distantes entre si.' Isso é uma grande conquista, porque as pessoas nem mesmo conhecem uma simples pausa. Os seus pensamentos estão sempre na hora do rush, pensamentos e mais pensamentos, pára-choques se chocando, numa seqüência contínua, esteja você acordado ou dormindo. O que você chama de sonhos, nada mais são do que pensamentos em forma de imagens... porque a mente inconsciente não conhece linguagem alfabética. Não há escolas nem institutos que ensinem a linguagem inconsciente. (....)

Anubuddha, o que você está percebendo é uma grande indicação de que você está no caminho certo. O buscador sempre traz esse questionamento: se ele está se movendo no caminho certo ou não. Não há segurança, nem seguro, nem garantia. Todas as dimensões estão abertas; como você escolherá a direção certa?

Esses são os caminhos e o critério de como escolher: se você se move em algum caminho, usa alguma metodologia e isso lhe traz alegria, mais sensitividade, torna-o mais observador e lhe dá uma sensação de imenso bem estar, esse é o único critério de que você está indo no caminho certo. Se você estiver se tornando mais miserável, mais raivoso, mais egoísta, mais ambicioso, mais luxurioso, estas são as indicações de que você está se movendo num caminho errado.

No caminho certo, a sua felicidade irá crescer dia após dia e suas experiências de belas sensações irão tornar-se tremendamente psicodélicas, muito coloridas, com cores que você nunca viu no mundo, com fragrâncias que você nunca experimentou. Então você poderá seguir no caminho sem qualquer medo de que possa estar indo errado.
Essas experiências internas irão mantê-lo sempre no caminho certo. Basta lembrar-se de que se elas estiverem crescendo, isso significa que você está se movendo. Agora você tem apenas alguns poucos momentos de nenhum pensamento... Isso não é uma realização simples, isso é uma grande conquista porque as pessoas por todas as suas vidas não conhecem sequer um simples momento onde não haja pensamentos.

Na medida que você se tornar mais centrado, mais observador, essas pausas começarão a crescer e tornar-se-ão maiores. E se você continuar se movendo sem olhar para trás, sem se perder, se você continuar indo em frente, chegará um dia, e não está muito distante, quando você irá sentir pela primeira vez que as pausas se tornaram tão grandes que horas estarão passando e nem mesmo um simples pensamento surgirá. Você estará então tendo experiências maiores de não-mente.
A conquista maior será quando você estiver cercado por não-mente vinte e quatro horas por dia.

Isso não quer dizer que você não possa usar a sua mente. Essa é uma mentira usada por aqueles que nada sabem de não-mente. Não-mente não significa que você não possa usar a mente; ela simplesmente significa que a mente não pode usar você.
Não-mente não significa que a mente está destruída. Não-mente significa apenas que a mente foi colocada de lado. Você pode acioná-la a qualquer momento em que você precisar se comunicar com o mundo. Ela será sua serviçal. Neste exato momento, ela é a sua patroa. Mesmo quando você está sentado só, ela segue com seu blá-blá-blá, e você nada consegue fazer, você está totalmente impotente.

Não-mente simplesmente significa que a mente foi colocada em seu devido lugar. Como uma serviçal, ela é um grande instrumento; como uma patroa, ela é muito inconveniente. Ela é perigosa. Ela destruirá toda a sua vida. A mente é apenas um meio para quando você quiser se comunicar com os outros. Mas quando você estiver só, não há necessidade da mente. Assim, sempre que você quiser usá-la, você poderá.
E lembre-se de uma coisa mais: quando a mente permanece silenciosa por horas, ela se torna mais fresca, jovem, mais criativa, mais sensitiva, rejuvenescida através do descanso.

Em geral, a mente das pessoas tem início por volta dos três ou quatro anos de idade, e a partir daí, ela vai continuando por setenta, oitenta anos sem férias. Naturalmente ela não consegue ser muito criativa. Ela está completamente cansada, cheia de lixo. Milhões de pessoas no mundo vivem sem qualquer criatividade. Criatividade é uma das experiências mais felizes. Mas as mentes estão tão cansadas... elas não estão num estado de energia transbordante.

Um homem de não-mente mantém a mente em descanso, cheia de energia, imensamente sensitiva, pronta para entrar em ação no momento em que for ordenada. Não é uma coincidência entre as pessoas que têm experienciado não-mente, que suas palavras começam a ter uma magia em si mesmas. Quando elas usam suas mentes, há um carisma e uma força magnética. Há uma tremenda espontaneidade e o frescor de gotas de orvalho de uma manhã antes do sol nascer. E a mente é o meio de expressão e criatividade mais evoluído da natureza.

Assim, o homem de meditação, ou em outras palavras, o homem de não-mente, muda até a sua prosa, em poesia. Sem qualquer esforço, suas palavras se tornam tão cheias de autoridade, que elas não precisam de qualquer argumentação. Elas se tornam seus próprios argumentos.A força que elas carregam se tornam uma evidência da verdade. Não há necessidade alguma de qualquer outro apoio da lógica ou das escrituras. As palavras de um homem de não-mente carregam uma certeza intrínseca a respeito de si mesmas. Se você estiver pronto para receber e ouvir, sentirá isso em seu coração: a verdade auto evidente.


Isso é um milagre, mas o milagre consiste numa mente descansada, numa mente que está sempre cheia de energia e que é usada somente de vez em quando.
Quando eu falo com vocês, eu tenho que usar a mente. Quando eu estou sentado em meu quarto por quase todo o dia, esqueço tudo a respeito de mente. Eu sou apenas um silêncio puro... e enquanto isso a mente está descansando. Os únicos momentos em que eu uso a mente, é quando eu falo com vocês. Quando eu estou só, eu fico completamente só, e não há necessidade de usar a mente.

Anubhudda, você diz, 'Quando eu ouço você falando 'meditação é testemunhar', eu sinto que eu entendo. Mas quando você fala sobre não-mente, isso não parece ser fácil, de jeito algum.'
Como isso pode parecer fácil? Considere que essa é a sua possibilidade futura. Você já começou a meditação; ela pode estar nos estágios iniciais, mas você já tem uma certa experiência nisso, o que faz com que você me entenda. E se você pode entender meditação, então não se preocupe com mais nada.
A meditação com certeza leva à não-mente, assim como todo rio se move em direção ao mar, sem qualquer mapa, sem qualquer guia. Todo rio, sem exceção, finalmente alcança o oceano. Toda meditação, sem exceção, finalmente alcança o estado de não-mente.

Mas naturalmente, quando o Ganges está no Himalaia, perambulando entre montanhas e vales, ele não tem qualquer idéia sobre o que é o oceano, ele não consegue conceber a existência do oceano. Mas ele está se movendo em direção ao oceano, porque a água tem a capacidade intrínseca de sempre procurar pelo plano mais baixo. E o oceano está no plano mais baixo... Assim, os rios nascem nos picos do Himalaia e começam imediatamente a se moverem em direção a espaços mais baixos e finalmente eles acabam encontrando o oceano.

Exatamente o oposto é o processo da meditação: ele se move para cima, para os picos mais altos e o pico mais alto é a não-mente. Não-mente é uma palavra simples, mas ela significa exatamente iluminação, liberação, liberdade de todas as escravidões, experiência de imortalidade.
Essas são palavras grandiosas e eu não quero que você fique assustado, por isso eu uso uma palavra simples, não-mente. Você conhece a mente... e você consegue conceber um estado em que essa mente esteja sem funcionamento.
Uma vez que esta mente esteja sem funcionamento, você se torna parte da mente do cosmos, da mente universal. Quando você é parte da mente universal, a sua mente individual funciona como uma bela serviçal. Ela terá reconhecido a mestra e ela trará novidades da mente universal para aqueles que ainda estão presos à mente individual.

Quando eu estou falando para vocês, é na verdade o universo que está me usando. As minhas palavras não são minhas palavras, elas pertencem à verdade universal. Esse é o poder, o carisma e a magia delas."




DICA SOBRE MEDITAÇÃO by Osho

Os últimos estudos dizem que se você fizer algum exercício corporal por vinte minutos e depois fizer o mesmo exercício por quarenta minutos, o benefício não será dobrado. E se você fizer por sessenta minutos o benefício se tornará prejudicial. É exatamente como quando você come algo que é benéfico. Se você comer muito não será benéfico, isso se tornará prejudicial. Assim, a matemática comum não funciona.

Sempre que você encontrar tempo, apenas por uns poucos minutos, relaxe o sistema de respiração, nada mais – não há necessidade de relaxar o corpo inteiro. Sentado num ônibus, ou num avião, ou num carro, ninguém perceberá que você está fazendo alguma coisa. Apenas relaxe o sistema de respiração. Deixe que ele seja como quando ele está funcionando naturalmente. Então feche os olhos e observe a respiração entrando, saindo, entrando, saindo...

Não concentre. Se você concentrar, irá criar problemas, porque então tudo se tornará uma perturbação. Se você tentar se concentrar sentado num carro, então o barulho do carro se tornará uma perturbação, a pessoa sentada ao seu lado se tornará uma perturbação.

Meditação não é concentração. Ela é simples consciência. Você simplesmente relaxa e observa a respiração. Em tal observação, nada é excluído. O carro está fazendo barulho – isso está perfeitamente Ok, aceite isso. O trânsito está movimentando – isso está Ok, faz parte da vida. A pessoa sentada ao seu lado está roncando, aceite isso. Nada é rejeitado. Você não tem que estreitar sua consciência.

Concentração é um estreitamento de sua consciência de modo que você se torne focado num ponto, mas tudo mais se torna uma concorrência. Você está brigando com tudo mais porque você tem medo de que aquele ponto seja perdido. Você pode se distrair e isso se torna uma perturbação. Por isso você precisa de isolamento, dos Himalaias. Você precisa ir a Índia e para um quarto onde você possa sentar-se silenciosamente, sem ninguém perturbando você de modo algum.

Não, isso não é certo – isso não pode se tornar um método de vida. Isso é isolar a si mesmo. Isso tem alguns bons resultados – você se sente mais tranqüilo, mais calmo – mas esses resultados são temporários. É por isso que você sente repetidas vezes que aquela entonação foi perdida. Uma vez que você não tenha as condições nas quais ela pode acontecer, ela se perde.

A meditação na qual você precisa de certos pré-requisitos, na qual certas condições precisam ser atendidas, não é meditação de modo algum – porque você não será capaz de fazê-la quando estiver morrendo. A morte será uma distração. Se a vida distrai, pense sobre a morte. Você não será capaz de morrer meditativamente, e então toda essa coisa é inútil, é perdida. Você novamente morrerá tenso, ansioso, na miséria, no sofrimento e criará imediatamente o seu próximo nascimento no mesmo padrão.

Deixe que a morte seja o critério. Qualquer coisa que possa ser feita mesmo enquanto você estiver morrendo é real – e isso pode ser feito em qualquer lugar; em qualquer lugar e sem condições como requisito. Se algumas vezes as boas condições estiverem ali, tudo bem, você desfruta delas. Se não, isso não faz qualquer diferença. Mesmo na praça do mercado você pode fazê-la.

Não deve haver qualquer tentativa de se controlar a respiração, porque todo controle é da mente, assim a meditação nunca pode ser uma coisa controlada.

A mente não consegue meditar. Meditação é alguma coisa além da mente, ou abaixo da mente, mas nunca na mente. Assim, se a mente permanecer observando e controlando, isso não é meditação; isso é concentração.

Concentração é um esforço da mente, ela traz as qualidades da mente ao seu ponto máximo. Um cientista se concentra, um soldado se concentra, um caçador, um pesquisador, um matemático, todos se concentram. Essas são atividades da mente.

A qualquer tempo medite. Não há necessidade de ter um tempo pré-determinado. Use qualquer tempo que tiver disponível. No banheiro, quando você tiver dez minutos, simplesmente sente-se debaixo do chuveiro e medite. De manhã, depois do almoço, por quatro, cinco vezes, em pequenos intervalos – apenas de cinco minutos – medite, e você verá que isso se tornará uma constante nutrição.

Não há necessidade de fazê-la por vinte e quatro horas.

Apenas uma xícara de meditação é o bastante. Não precisa beber todo o rio. Apenas uma xícara. E faça isso o mais fácil possível. O fácil é o certo. Faça o mais natural possível. Simplesmente faça quando você encontrar tempo. E não faça disso um hábito, porque todos os hábitos são da mente e, na verdade, a pessoa real não tem qualquer hábito.

(OSHO – Nothing to Lose But Your Head - Cap. 5)





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O PODER DO SILÊNCIO - PARTE III



“Você não criou seu corpo nem é capaz de controlar as funções dele. Uma inteligência maior do que a mente humana encontra-se em ação. É essa inteligência que mantém tudo na natureza. Você pode se aproximar dessa inteligência percebendo sua própria energia interna. Sentindo a presença da vida dentro do seu corpo.

O ar que você respira é natureza, como também é natureza o próprio ato de respirar. Preste atenção na sua respiração e perceba que não é você quem a controla. É a respiração da natureza. Se você precisasse lembrar de respirar, morreria logo. E se tenta parar de respirar, a natureza se encarrega de manter essa respiração. Ao sentir a respiração, e ao aprender a prestar atenção nela, você se conecta à natureza da forma mais íntima e poderosa. É um ato extremamente curativo e reabastecido. Ele promove uma mudança, passando do mundo conceitual do pensamento para o mundo interior da consciência livre de condicionamentos.

Só quando mantém a calma e o silêncio em seu interior, é que você pode alcançar a região de calma e silêncio onde vivem as pedras, as plantas e os animais. Só quando o barulho de sua mente silencia, você se torna capaz de ligar-se à natureza num nível profundo, e ultrapassar a sensação de separação causada pelo excesso de pensamento.
A natureza pode levar você à calma interior. Quando você sente a calma que a natureza te dá, e participa dela, essa calma fica permeada e enriquecida pela sua atenção. Esse é o seu retorno à natureza.”
“Todo ser humano foi condicionado a pensar e agir de determinada forma – condicionado por sua herança genética, pelas experiências da infância e pelo ambiente cultural em que vive. Tudo isso não mostra o que a pessoa é, mas como parece ser. Quando você julga alguém, confunde os modelos condicionados produzidos pela mente com o que a pessoa é. Nossos julgamentos também têm origem em padrões inconscientes e condicionados. Você dá aos outros uma identidade criada por esses padrões, e essa falsa identidade se transforma numa prisão, tanto para aqueles que você julga como pra você mesmo.

Deixar de julgar não significa deixar de ver o que as pessoas fazem. Significa que você reconhece seus comportamentos como uma forma de condicionamento, que você vê e aceita tal como é. Não é a partir desses comportamentos que você constrói uma identidade para as pessoas.”
“Enquanto o ego dominar a sua vida, a maioria de seus pensamentos, emoções e ações virão do desejo e do medo. Isso fará você querer ou temer alguma coisa que possa vir da outra pessoa. O que você quer dos outros pode ser prazer, vantagem material, reconhecimento, elogio, atenção, ou fortalecimento da identidade, quando se compara achando que sabe, ou que tem, mais do que os outros. Você teme que ocorra o contrário – que o outro seja, tenha ou saiba mais do que você – e que isso possa de alguma forma diminuir a idéia que você faz de si mesmo.”
“Quando você concentra sua atenção no presente – em vez de usar o presente como um meio para atingir um fim – você ultrapassa o ego e a compulsão inconsciente de usar as pessoas como meios para valorizar-se ao se comparar com elas. Quando dá total atenção à pessoa com quem está interagindo, você elimina o passado e o futuro do relacionamento – exceto nas situações que exigem medidas práticas. Ao ficar totalmente presente com qualquer pessoa, você se desapega da identidade que criou pra ela. Essa identidade é fruto da sua interpretação de quem é a pessoa e do que ela fez no passado. O segredo dos relacionamentos é a atenção, que nada mais é do que calma alerta.”
“Se o passado de uma pessoa fosse o seu passado, se a dor dessa pessoa fosse a sua dor, se o nível de consciência dela fosse o seu, você pensaria e agiria exatamente como ela. Ao compreender isso, fica mais fácil perdoar, desenvolver a compaixão e alcançar a paz. O ego não gosta de ouvir isso, porque sem poder reagir e julgar, ele se enfraquece.”
“Quando você acolhe qualquer pessoa que entra no espaço do Agora, quando permite que ela seja como é, a pessoa começa a mudar.”
“Saber a respeito de alguém ajuda por motivos práticos. Nesse sentido não podemos prescindir de saber a respeito da pessoa com quem nos relacionamos. Mas quando essa é a única característica de uma relação, fica muito limitador e até destrutivo. Os pensamentos e conceitos criam uma barreira artificial, uma separação entre as pessoas. Suas interações não ficam presas ao ser, mas à mente. Sem as barreiras dos conceitos criados pela mente, o amor se torna naturalmente presente em todas as relações humanas.

A maioria dos relacionamentos humanos se restringe à troca de palavras – o reino do pensamento. É fundamental trazer um pouco de silêncio e calma, sobretudo aos seus relacionamentos íntimos. Se faltar silêncio e calma, o relacionamento será dominado pela mente e correrá o risco de ser invadido por problemas e conflitos. Se há silêncio e calma, eles se tornam capazes de dominar qualquer coisa.”
“Ouvir com verdadeira atenção é outra forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral as pessoas concentra a maior parte da sua atenção no que estão pensando. Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro, ou apenas usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. Ou então não ouvem nada mesmo, pois estão perdidas em seus próprios pensamentos.”
“Ouvir com atenção é muito mais do que saber escutar. É estar alerta, abrir um espaço em que as palavras são acolhidas. As palavras se tornam então secundárias, podendo ou não fazer sentido. Bem mais importante do que aquilo que você está ouvindo é o ato de ouvir em si, o espaço de presença consciente que surge à medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser “o outro”. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência.”
“Como é que você pode se libertar da profunda e inconsciente identificação emocional com o sofrimento, capaz de criar tanta dor em sua vida? Tome consciência da dor. Tome consciência de que você não é esse sofrimento e essa dor. Reconheça o que eles são: uma dor do passado. Tome consciência da dor em você ou no seu parceiro. Quando conseguir romper sua identificação inconsciente com essa dor do passado – quando souber que você não é a dor – quando conseguir observá-la dentro de si mesmo, deixará de alimentá-la e aos poucos ela irá se enfraquecendo.”
“O relacionamento humano pode ser um inferno, ou pode ser um grande exercício espiritual.”
“Quando você observa uma pessoa e sente muito amor por ela, ou quando contempla a beleza da natureza e algo dentro de você reage profundamente, feche os olhos um instante e sinta a essência desse amor ou dessa beleza no seu interior, inseparável do que você é, da sua verdadeira natureza. A forma externa é um reflexo temporário do que você é por dentro, na sua essência. Por isso o amor e a beleza nunca nos abandonam, embora todas as formas externas um dia acabem.”
“Quando você se apega aos objetos, quando você os usa para valorizar-se ante os outros e aos seus próprios olhos, a preocupação com os objetos pode dominar toda a sua vida. Quando se identifica com as coisas, você não as aprecia pelo que são, pois está se vendo nelas.

Se você desenvolve uma apreciação pelo reino das coisas desprendidas do ego, o mundo à sua volta adquire vida de uma forma que você não é capaz sequer de imaginar com a mente”

Citações:

“O Poder do Agora é uma reafirmação, para o nosso tempo, daqueles ensinamentos espirituais atemporais, da essência de todas as religiões”.
“A coisa mais significativa que pode acontecer a um ser humano é o processo de separação do pensamento e da consciência. A consciência é o espaço onde tudo existe”.
“A causa primária do sofrimento nunca é a situação, mas seus pensamentos sobre ela”.
“Um verdadeiro professor espiritual não tem nada para ensinar no sentido convencional da palavra. Não tem nada para te dar ou acrescentar como nova informação, crenças ou regras de conduta. A única função de tal professor é te ajudar a remover aquilo que te separa da verdade. As palavras não são nada mais que placas sinalizadoras”.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012


ECKHART TOLLE - O PODER DO SILÊNCIO - PARTE II



Trechos do livro “O Poder do Silêncio” de Eckhart Tolle.
“Você não encontra a paz reorganizando os fatos da sua vida, mas sim descobrindo quem você é no nível mais profundo. A reencarnação não ajuda se na próxima encarnação você continuar sem saber quem é. Você não possui uma vida, você é a vida. Você é a consciência única que permeia todo o universo e assume temporariamente a forma de pedra, folha, animal, pessoa, estrela ou galáxia. No fundo você já sabe disso. Você já é isso”.
“Você precisa de tempo para fazer a maioria das coisas na vida: aprender, construir… Mas o tempo é inútil para a coisa mais valiosa, que é a realização pessoal, o autoconhecimento. Você não pode encontrar a si mesmo no passado nem no futuro. O único lugar onde você pode se encontrar é Agora.”
“Os que buscam uma dimensão espiritual querem a auto-realização ou a iluminação no futuro. Ser uma pessoa que está em busca de algo significa que você precisa do futuro. Se for nisso que você acredita, isso se torna verdade pra você. Precisará de tempo até perceber que não precisa de tempo para ser quem você é.”
“O pensamento e a linguagem criam uma aparente dualidade, como se houvesse uma pessoa e uma consciência separadas. Como se a pessoa tomasse consciência das coisas que sente ou pensa. Isso não existe. Você é a consciência na qual e através da qual todas as coisas existem. Perceba-se como a consciência na qual todo o conteúdo da sua vida se desdobra.”
“Você é a consciência através da qual tudo é conhecido. Você não pode conhecer a si mesmo, porque você é a própria consciência. O “eu” não pode se transformar num objeto de conhecimento, de consciência. E “eu” é a própria consciência.”
“Quando você se torna um objeto de estudo para si mesmo, surge a ilusão do “eu” autocentrado, porque você fez de si mesmo um objeto. “Este sou eu”, você diz. A partir dessa afirmação você passa a ter uma relação com você mesmo e a contar para os outros, e pra si mesmo, a sua história.”
“Quando você percebe que é a consciência na qual a vida externa acontece, você se torna independente do que existe externamente e perde a necessidade de buscar sua identidade nos fatos, lugares e situações. As coisas que acontecem e deixam de acontecer perdem a importância, perdem peso e gravidade. Sua vida passa a ter outra graça e leveza. O mundo passa a ser visto como uma dança de formas, só isso.”
“Quando você sabe quem realmente é, tem uma enorme e intensa sensação de paz. Essa sensação pode ser chamada alegria, porque a alegria é isso: Uma vibrante e intensa paz. É a alegria de saber que o seu ser é a própria essência da vida antes de ela assumir uma forma. Você se reconhece em todas as coisas. É um estado de total clareza de percepção. Você deixa de ser alguém com um passado pesado de experiências e condicionamentos através do qual todas as coisas são interpretadas.”

“Como a água, a consciência pode ser considerada sólida como matéria, líquida como mente ou sem qualquer forma como consciência pura. Através de “você” a consciência sem forma torna-se consciente de si mesma.”
“O desejo é a necessidade de acrescentar algo a você para ser mais plenamente você mesmo. O medo é a necessidade de evitar perder alguma coisa e tornar-se menor. O desejo e o medo nos impedem de perceber que ser não é algo que possa ser dado ou tirado. O Ser em sua plenitude já está em você. Agora.”
“Quantas vezes durante o dia, se você pudesse verbalizar sua realidade interior diria: “Não quero estar onde estou.”? É verdade que é ótimo sair de certos lugares, e muitas vezes é a melhor coisa que você pode fazer. Mas em muitos casos você não tem possibilidade de sair. Em todos esses casos, o “não quero estar onde estou” não só é inútil como prejudicial. Deixa você e os outros infelizes. Já foi dito: “Aonde quer que vá, você se leva”. Em outras palavras: Você está aqui. Sempre.”
“As pessoas precisam criar rótulos para tudo o que sentem, percebem, e para toda experiência. Precisam de uma relação de gosto/não gosto com a vida, mantendo um conflito quase ininterrupto com situações e com pessoas. Será que isso é apenas um hábito que pode ser rompido? Não é preciso fazer nada. Basta deixar que cada momento seja como é. O ego não é capaz de sobreviver à entrega.”
“Tenho tanta coisa pra fazer.” Muito bem, mas existe qualidade no que você faz? Falar com clientes, trabalhar no computador, realizar as inúmeras tarefas do seu cotidiano – você faz tudo isso com a plenitude do seu ser? Quanta entrega ou recusa existe no que você faz? É essa entrega que determina o seu sucesso na vida, e não a quantidade de esforço empreendido. O esforço implica estresse, cansaço e necessidade de alcançar um determinado resultado no futuro.”
“Se você percebe qualquer indício interno que revele que você não quer fazer o que está fazendo, você está negando a vida, e é impossível chegar a um bom resultado assim. Se você percebe esse indício, também é capaz de abandonar essa má vontade e se entregar ao que faz.”
“Quando você aceita o que é, atinge um nível mais profundo. Nesse nível, seu estado interior não depende mais dos julgamentos feitos pela mente do que é bom ou ruim. Quando você diz sim para todas as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.”
“A aceitação e a entrega se tornam muito mais fáceis quando você percebe que todas as experiências são fugazes e se dá conta de que o mundo não pode te oferecer nada que tenha um valor permanente. Ao aceitar e entregar-se, você continua a conhecer pessoas e a se envolver em experiências e atividades, mas sem os desejos e medos do “eu” autocentrado. Você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato te satisfaça ou te façam feliz. A natureza imperfeita de tudo pode ser como é.

A ironia é que, quando você deixa de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos ficam satisfatórios, harmoniosos, serenos e pacíficos.
Quando você deixa de resistir internamente, abre-se para a consciência livre de condicionamentos, que é infinitamente maior do que a mente humana. Essa vasta inteligência pode então se expressar através de você e ajudá-lo tanto por dentro quanto por fora. É por isso que, ao parar de resistir internamente, você costuma achar que as coisas melhoraram.
Você acha que estou lhe dizendo: “Aproveite o momento, seja feliz”? Não. Estou dizendo pra você aceitar este momento tal como ele é. Isso já basta.
A aceitação e a entrega existem quando você não se pergunta mais: “Por que isso foi acontecer comigo?”.
A História mostra homens e mulheres que, ao enfrentarem uma grande perda, doença, prisão ou a ameaça de morte iminente, aceitaram o que era aparentemente inaceitável e assim encontraram “a paz que vai além de toda compreensão”.”
“Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que fazer ou dizer. Mas quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar contra a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até mesmo o pensamento pode se beneficiar disso, pois a inteligência maior flui pra dentro dele e o inspira.”
“Às vezes entregar-se significa desistir de querer entender, e sentir-se bem com o que você não sabe.

Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O “eu” deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno dessa reação ou desse julgamento. O “eu” não se identifica mais com a forma – o pensamento ou a emoção – e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.”
“Deixe que a Vida seja!”
“Sempre que você presta atenção em alguma coisa natural, em qualquer coisa que existe sem a intervenção humana, você sai da prisão do pensamento e de certa forma entra em conexão com o Ser no qual tudo o que é natural ainda existe”.
“Prestar atenção numa pedra, numa planta, num animal, não é pensar nele, mas simplesmente percebê-lo, tomar conhecimento dele. Então algo da essência desse elemento da natureza se transmite a você. Sentir a calma desse elemento faz com que o mesmo calmo desponte no seu interior. Você sente como ele repousa profundamente no Ser – unido ao que é e onde é. Ao se dar conta disso, você também é transportado de volta para um lugar de repouso no fundo do seu ser.

Veja como cada planta e cada animal é completo em si mesmos. Ao contrário dos seres humanos, eles não se dividem. Não precisam afirmar-se criando imagens de si mesmos, e por isso não precisam se preocupar em proteger e realçar essas imagens. O esquilo é ele mesmo. A rosa é ela mesma. Contemplar a natureza pode libertar você desse “eu” que é o grande causador de problemas.”

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


ECKHART TOLLE - O PODER DO SILÊNCIO - PARTE I


Trechos do livro “O Poder do Silêncio” de Eckhart Tolle.
“Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa apenas percebê-lo. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que se pode perceber o silêncio. Nesses momentos você se liberta de milhares de anos de condicionamento humano coletivo.”
“Qualquer barulho perturbador pode ser tão útil quanto o silêncio. Basta abolir suas resistências interiores ao barulho, deixando-o ser como é. Essa aceitação também leva você ao reino da paz interior que é a calma. ”
“A calma é o lugar onde a criatividade e as soluções dos problemas são encontradas”
“A calma e o silêncio são a própria inteligência. A consciência básica da qual provêm todas as formas de vida. A forma de vida que você pensa que é, vem dessa consciência e é sustentada por ela”.
“Quando você olha num estado de calma para uma árvore ou uma pessoa, quem está olhando? É algo mais profundo do que você. A consciência está olhando para a sua própria criação. A Bíblia diz que Deus criou o mundo e viu que era bom. É isso que você vê quando olha num estado de calma, sem pensar em nada ”.
“Você precisa saber mais coisas do que já sabe? Você acha que o mundo será salvo se tiver mais informações, se os computadores se tornarem mais rápidos ou se forem feitas mais análises intelectuais e científicas? O que a humanidade precisa hoje é de mais sabedoria pra viver. A sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior. Veja e ouça apenas. Não é preciso mais nada, além disso. Manter a calma, olhando e ouvindo, ativa a inteligência real que existe dentro de você. Deixe que a calma interior oriente suas palavras e ações”.
“A maioria das pessoas passa a vida toda aprisionada nos limites os próprios pensamentos. Nunca vai além das idéias estreitas já fabricadas. Nunca vai além do”eu ” condicionado pelo passado.”
“Se você consegue reconhecer, mesmo esporadicamente, que os pensamentos que passam por sua cabeça são meros pensamentos; Se você consegue se dar conta dos padrões que se repetem em suas ações mentais e emocionais, é sinal de que a Consciência está emergindo. Ela é o espaço onde o conteúdo da sua vida se desborda”.
“Cada pensamento quer sugar sua completa atenção. Eis um novo exercício para praticar: Não leve seus pensamentos muito a sério”.
“Pensar fragmenta a realidade, cortando-a em pequenos pedaços que são os conceitos. A mente pensante é útil e poderosa, mas torna-se muito limitador quando invade completamente sua vida, impedindo você de perceber que a mente é apenas um pequeno aspecto da Consciência que você é realmente.”
“Sempre que você mergulha em pensamentos compulsivos, está impedindo o que existe. Você está se negando a estar onde está: Aqui. Agora”.
“Despertar espiritualmente é despertar do sonho do pensamento. Quando você deixa de acreditar em tudo o que pensa, você sai do pensamento e vê claramente que quem está pensando não é quem você é realmente”.
“Quando a mente fica entediada, quer satisfazer sua fome lendo um livro, assistindo à tevê, navegando na Internet. A alternativa é aceitar o tédio e a ansiedade e observar como é sentir-se entediado e ansioso. À medida que você se dá conta dessa sensação, surge um espaço arejado e uma calma em volta da sensação. O tédio, a ansiedade, a raiva, a tristeza e o medo não são seus. Eles são estados da mente. É por isso que vão e voltam. Nada que vai e volta é você”.
“Estou triste. Quem percebe isso? Estou com medo. Quem percebe isso? Você é a pessoa que percebe isso. Você não é os seus sentimentos”.
“No estado de calma e consciência, se você precisar da mente para um fim prático, ela estará presente. Na verdade a mente funciona muito bem quando a inteligência maior e real que é você se expressa através dela, como uma ferramenta.”
“Aprenda a sentir-se à vontade dentro do não-saber. A mente teme o não-saber, mas um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado”.
“A mente está sempre querendo alimentar-se para continuar pensando. Ela procura alimento para sua própria identidade, para seu sentido de ser. É assim que o ego se cria e recria continuamente”.
“Você se dá conta de que esse ego é fugaz e passageiro? Quem percebe isso? É o Eu-Sou. Esse é o seu eu mais profundo, que não tem nada a ver com o passado e o futuro. Quando você se dá conta de que existe uma voz na sua cabeça que pretende ser você e não pára de falar, percebe que você vem se identificando com a corrente do pensamento. Quando percebe a existência dessa voz, você compreende que não é essa voz, mas a pessoa que a percebe. Ter liberdade é saber que você é a consciência por trás dessa voz.”
“Ao concentrar toda sua atenção ao momento presente, uma inteligência muito superior à inteligência da mente autocentrada entra no comando da sua vida. Sua ação presente se torna não só muito mais eficaz, como infinitamente mais satisfatória e gratificante”.
“Ao viver através do ego, você faz do momento presente apenas um meio para atingir um fim. Você vive em função do futuro, mas quando atingem seus objetivos eles não te satisfazem. Ou pelo menos não por muito tempo.”
“Quase todo ego tem o que podemos chamar de “identidade da vítima”. Muitas pessoas se vêem de tal forma como vítimas, que essa imagem se torna o ponto central de seu ego. Mesmo que as mágoas sejam muito “justas”, ao assumir a identidade de vítima, você cria uma prisão cujas grades são feitas de formas obsessivas de pensar. Veja o que você está fazendo com você mesmo, ou melhor: Veja o que sua mente está fazendo com você. Sinta a ligação emocional que você tem com sua história de vítima e perceba sua compulsão de pensar e falar a respeito dela. Ao perceber isso, a transformação e a liberdade virão.”
“Reclamar e reagir são as formas preferidas da mente para fortalecer o ego. O eu autocentrado precisa do conflito para fortalecer sua identidade. Ao lutar contra algo ou alguém, ele demonstra pra si mesmo que “isto sou eu” e “aquilo não sou eu”. É comum que países procurem fortalecer sua sensação de identidade coletiva colocando-se em oposição aos seus inimigos.”
“A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom acontece com outra pessoa, ou ela possui mais, sabe mais, ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação. Ela se agarra a qualquer coisa buscando o “mais”, e quando nada disso funciona, a mente fortalece seu ego considerando-se “mais” injustamente tratada pela vida, “mais” doente ou “mais” infeliz do que os outros.”
“O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportá-los por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. Essa infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.”
“A culpa é outra maneira que o ego tem para criar uma identidade, mesmo que essa identidade seja negativa. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manifestação da sua inconsciência na época, o que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz “Eu fiz tal coisa”, e assim cria uma imagem de si mesmo como ruim, falho e insuficiente. As palavras de Cristo: “Perdoai-os, Senhor, pois eles não sabem o que fazem” podem ser usadas em relação a você.”"
“Este exato momento, Agora, é a única coisa no mundo que não dá pra escapar. É o único fator constante na nossa vida. Se não é possível fugir do Agora, por que não acolhê-lo e tratá-lo bem?”
“Concentrar sua atenção no Agora não é negar o que é necessário. É reconhecer o que é prioritário. Mais tarde você poderá lidar mais facilmente com o que é secundário. Concentrar-se no Agora não é dizer: “Não vou me preocupar mais com as coisas, pois só existe o Agora”. Não é isso. Veja o que é prioritário e faça do Agora seu amigo, e não seu inimigo. Reconheça-o e respeite-o.”
“Você trata o momento atual como um obstáculo que precisa ser ultrapassado? Você considera mais importante o momento futuro que quer atingir? A maioria das pessoas vive assim. Como o futuro nunca chega, a não ser como presente, essa forma de viver é inútil. Causa uma constante sensação de desconforto, tensão e insatisfação. Não respeita a vida, que é Agora.”
“Sinta a vida em seu corpo. Isso enraíza você no Agora.”
“Quando você diz sim às coisas tal qual como são, você entra em harmonia com o poder e a inteligência da própria vida. Só então pode se tornar agente de uma mudança positiva no mundo.”
“Quando você passa a dar atenção ao Agora, cria-se um estado de alerta. É como se você acordasse de um sonho, o sonho do pensamento, o sonho do passado e do futuro. É tão claro e tão simples que não sobra lugar para inventar problemas. Só este momento, tal qual como é.”
“A maioria das pessoas confunde o Agora com o que acontece no Agora. Mas o Agora é mais profundo do que o que ocorre nele. É o espaço onde tudo acontece. Não confunda o conteúdo do momento presente com o Agora. O Agora é mais profundo do que qualquer conteúdo que exista nele. O seu ser é muito maior que seus pensamentos.”
“Eu não sou os meus pensamentos. Não sou minhas emoções, minhas percepções sensoriais, nem minhas experiências. Não sou o conteúdo da minha vida. Eu sou o espaço no qual todas as coisas acontecem. Eu sou a Consciência. Sou o Agora. Sou.”
“É importante vencer ou fracassar aos olhos dos outros. É importante ter ou não ter saúde, estudar ou não estudar. É importante ser rico ou pobre – certamente isso faz muita diferença na sua vida. Isso tudo tem uma importância relativa na sua vida, mas não absoluta. Existe algo mais importante que todas essas coisas: Encontrar a essência do que você é para além dessa identidade de curta duração, que é uma noção personalizada do “eu”.”

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


SILÊNCIO INTERIOR


Naturalmente e amorosamente você chega ao âmago da sua Essência, através de uma presença interior silenciosa. A vida real não segue regras da razão, tem suas próprias leis inatas.

Uma mente inconsciente, disseca, analisa, separa.  Você pensa que é, e não é ... tudo falso.  Mas quando você medita sobre ela, não há separação. Não há como se separar do seu absoluto silêncio interior.  A verdadeira e suprema realidade é uma somente. Você é Um com Ele, e todas as limitações fluem para o nada. Um espaço interior limpo é criado, e o contemplar do Todo É, em toda sua perfeição.